Salvador sediou recentemente o Seminário Internacional "A Educação Medicalizada", em sua IV edição.
Reportagem do Jornal A tarde.com.br, 06/09/2015
http://www.atarde.uol.com.br/educacao/noticias/1709947-educacao-medicalizada-preocupa-especialistas)
No evento, que reuniu especialistas de vários países, foram debatidos questões sobre diagnósticos imprecisos, que têm contribuído para aumentar o consumo de substâncias tarja preta naquela faixa etária. Bem como discutir qual a influência familiar nesse contexto além do papel da escola.
Tais questões estão inseridas em discussões de âmbito educacional, político e social que culminaram no seminário.
''Criança é aprisionada por erro de diagnóstico'
“Era preciso desver o mundo para encontrar nas palavras novas coisas de ver”. Este trecho do livro “O menino do Mato”, do autor cuiabense Manoel de Barros, foi o emblema usado para compor o IV Seminário Internacional “A Educação Medicalizada: Desver o mundo, perturbar os sentidos”.
O evento aconteceu na semana passada no auditório da Faculdade de Tecnologia Senai Cimatec, na capital baiana.
Segundo Lygia Viegas, psicóloga, professora da Ufba, membro do Fórum sobre Medicalização da Educação e da Sociedade e uma das organizadoras do evento, o objetivo do seminário é colocar o tema em discussão de uma forma cada vez mais ampla, afim de refletir sobre as instâncias que o processo de medicalização da educação está inserido.
“É preciso desconstruir soluções conservadoras. Precisamos pensar que escola é essa, se tem estrutura, se as condições de trabalho dos professores são adequadas. E também pensar que criança é essa que está na sala de aula. Com acesso a tanta informação e tecnologia, as crianças mudaram seus comportamentos. É preciso repensar a forma de ensinar para não precisar recorre a medicalização. Porém, a questão requer um debate amplo, de caráter político e educacional”, diz.
A pesquisadora do Centro de Investigação e Intervenção Educativa de Porto, Rosa Soares Nunes, destacou o consumismo de medicamentos dentro do discurso capitalista. “É aprisionar a criança em um presídio que não é seu, porque foi erroneamente diagnosticada”, disse.
“Salvador tem um núcleo muito forte. Mas, foi um grande desafio para nós. Principalmente, por ser um evento gratuito, o qual fizemos questão de sê-lo, pois entendemos que assuntos como este precisa estar ao alcance de todos. No entanto, felizmente conseguimos, com a ajuda dos parceiros”, disse.
O seminário reuniu especialistas das mais diversas áreas de educação e saúde, como psicólogos, pedagogos, médicos, psiquiatras, fonoaudiólogos, a exemplo do neurocientista e professor da Universidade de Columbia (EUA) Carl Hart.
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