Para Lula, o
monopólio tecnológico dos países ricos impede combate à fome e à deterioração
ambiental
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou carta aos participantes
da conferência Rio+20 chamando a atenção que a “crise atual expõe um mundo
fragilizado pela enorme concentração de renda nas mãos de poucos países e
poucas pessoas, e por uma ordem em que poucos consomem muitos recursos naturais
e muitos pagam o preço da degradação do meio ambiente”.
Para Lula, a “modernidade é vista como a era do consumo, mas esse
estereótipo esconde uma realidade dura. Não são todos os que consomem”.
O ex-presidente destaca que “a realidade dos últimos 30 anos é cruel: 10%
da população global detêm 57% da renda global. É esse décimo da humanidade que
é responsável por metade das emissões globais de carbono”.
“O avanço científico e tecnológico conquistado pelo mundo é suficiente
para acabar com a fome, para recuperar as áreas degradas e para tomar medidas
para prevenir a maior deterioração do meio ambiente. Para isso, no entanto, é
preciso de vontade política”.
A advertência do ex-presidente Lula tem razão de ser e o exemplo disso é
que os países ricos têm bloqueado até agora as discussões na conferência e
impedido que se chegue a um acordo em torno do documento a ser tirado na
conferência. Apenas 28% do documento é consenso.
Para os EUA e a Europa, somente eles devem crescer e se desenvolver e os
países pobres e emergentes (a exemplo dos Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul) devem estagnar ou retroceder seu desenvolvimento, deixando
bilhões na miséria e na fome. Dos EUA e Europa não se pode esperar outra coisa:
querem ter o monopólio do desenvolvimento, do conhecimento, e reservar aos
países pobres o papel de gueto como fornecedores de produtos primários, de
commodities, ou simplesmente o papel de coiteiros das suas multinacionais
poluidoras e rapinadoras.
O discurso de proteção ao meio ambiente é apenas uma panacéia receitada
pelos países ricos para os mais pobres e emergentes para continuarem a pilhar o
mundo os outros. Isso ficou claro quando sequer concordaram com a criação de um
fundo de US$ 30 bilhões destinados a financiar um “desenvolvimento sustentado”.
Na questão da saúde o caso foi mais gritante quando os EUA não
concordaram com a menção a universalizar a saúde. Proposta do Brasil - que
considera que não há desenvolvimento sustentável quando as populações padecem
de graves enfermidades, os negociadores de Obama e Hillary Clinton se opuseram
à quebra de patentes de remédios para a produção de genéricos destinados a
combater doenças graves.
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