Racismo e Xenofobia
“A criatividade só pode ter origem na
diferença...”.
António Gedeão – Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
Num exercício mental
troque algumas palavras...
"Lágrima de Preta" por
Lágrima de Cigana, Lágrima de Árabe,
Lágrima de Chinesa, Lágrima de ...
Introdução
Este trabalho surge no âmbito da disciplina de
filosofia com o tema: “O racismo e xenofobia”. Escolhi este tema, por ser
intemporal e por, direta ou indiretamente afeta toda a gente, mas não só. Tive
também o intuito de dar a conhecer as mais graves
consequências destes preconceitos, onde e como
se manifestam. Há muito para dizer sobre esta temática, no entanto, tentei selecionar
o que me parece ser mais importante!
Racismo
O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo
de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças
humanas distintas e superiores umas às outras. Onde existe a convicção de que
alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e
determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais, são
superiores a outros.
O racismo não é uma teoria científica, mas um
conjunto de opiniões pré-concebidas onde a principal função é valorizar as
diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam serem
superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da existência
de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a
escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que
ocorreram durante toda a história da humanidade.
Os racistas definem uma raça como sendo um
grupo de pessoas que têm a mesma ascendência. Diferenciam as raças com base em
características físicas como a cor de pele e o aspecto do cabelo. Investigações
recentes provam que a “raça” é um conceito inventado. A noção de “raça”
não possui qualquer fundamento biológico. A palavra “racismo” é igualmente
usada para descrever um comportamento abusivo ou agressivo para com os membros
de uma “raça inferior”.
O racismo reveste-se de várias formas nos diversos
países, consoante a sua história, cultura e outros fatores sociais. Uma forma
relativamente recente de racismo, por vezes denominada “diferenciação étnica ou
cultural”, defende que todas as raças e culturas são iguais, mas não se deviam
misturar, de maneira a conservar a sua originalidade. Não há nenhuma prova
científica da existência de raças diferentes. A biologia só identificou uma
raça: a raça humana.
A importância que o homem dá à cor da pele do seu
semelhante, é deveras preocupante. Na realidade, em muitos casos a diferença da
cor da pele é uma barreira muito mais determinante para a comunicação entre as
pessoas do que a própria diferença linguística, isto pode ser considerado um fenômeno
antinatural, uma vez que não vemos na natureza os animais minimamente
preocupados com as diferenças de pelagem ou penas.
A diferença de cor entre as pessoas tem uma
explicação científica para a qual o homem não contribui minimamente: a maior ou
menor concentração de melanina da pele, que torna a pele da pessoa mais o menos
escura.
"O racismo começa
quando a diferença, real ou imaginária, é usada para justificar uma agressão.
Uma agressão que assenta na incapacidade para compreender o outro, para aceitar
as diferenças e para se empenhar no diálogo".
Mário Soares, antigo
presidente de Portugal
Xenofobia
Xenofobia quer dizer aversão a outras raças e
culturas. Muitas vezes é característica de um nacionalismo excessivo. A
xenofobia é um medo intensivo, descontrolado e desmedido em relação a pessoas
ou grupos diferentes, com as quais nós habitualmente não contatamos.
«A criatividade só
pode ter origem na diferença.»
Yehudi Menuhin, violinista e defensor dos Direitos do Homem
Discriminação racial
Entende-se por discriminação racial qualquer
distinção, exclusão, restrição ou preferência em função da raça, origem, cor ou
etnia, que tenha por objetivo ou produza como resultado a anulação ou restrição
do reconhecimento, fruição ou exercício, em condições de igualdade, de
direitos, liberdades e garantias ou de direitos econômicos, sociais e
culturais.
Uma das formas de descriminação racial é:
>> A intolerância - é a falta de respeito
pelas práticas e convicções do outro. Aparece quando alguém se recusa a deixar
outras pessoas agirem de maneira diferente e terem opiniões diferentes. A
intolerância pode conduzir ao tratamento injusto de certas pessoas em relação
ás suas convicções religiosas, sexualidade ou mesmo à sua maneira de vestir. Está
na base do racismo, do antissemitismo, da xenofobia e da discriminação em
geral. Frequentemente, pode conduzir à violência. A intolerância não aceita.
Contudo, existem formas de combate à discriminação
racial.
MEIOS JURIDICOS DE COMBATE AO RACISMO E A XENOFOBIA
Legislação que proíbe as descriminações no
exercício de direitos, por motivos baseados na raça, cor nacionalidade ou
origem étnica: Lei nº 134/99, de 28 de Agosto; Decreto-Lei nº 111/2000, de 4 de
Julho.
- A igualdade é a característica do que é igual. O
que significa que nenhuma pessoa é mais importante que outra, quaisquer que
sejam os seus pais e a sua condição social. Naturalmente, as pessoas não têm os
mesmos interesses e as mesmas capacidades, nem estilos de vida idênticos.
Consequentemente, a igualdade entre as pessoas significa que todos têm os
mesmos direitos e as mesmas oportunidades. No domínio da educação e do
trabalho, devem dispor de oportunidades iguais, apenas dependentes dos seus
esforços. A igualdade só se tornará uma realidade quando todos tiverem, em
termos idênticos, acesso ao alojamento, à segurança social, aos direitos
cívicos e à cidadania.
- O interculturalismo consiste em pensar que
nós enriquecemos através do conhecimento de outras culturas e dos contactos que
temos com elas e que desenvolvemos a nossa personalidade ao encontrá-las. As
pessoas diferentes deveriam poder viver juntas apesar da sua diferença
cultural. O interculturalismo é a aceitação e o respeito pelas diferenças.
«Crer no interculturalismo é crer que se pode
aprender e enriquecer através do encontro com outras culturas.» UNIDOS para uma ação intercultural
O racismo e a xenofobia na Europa
A Europa, tal como os restantes continentes, vive
sob o impacte da globalização, de uma maior mobilidade internacional e do
incremento dos fluxos migratórios. O aumento da intolerância política,
religiosa e étnica bem como o desencadear de vários conflitos armados, dentro e
fora do espaço europeu, provocaram a saída de inúmeros contingentes
populacionais das suas terras, refugiados nem sempre bem acolhidos em ambientes
que lhes são pouco familiares. Carências econômicas, a par de problemas sociais vividos
pelos cidadãos de determinado Estado, têm contribuído para o surgimento de
tensões evidenciadas sob formas de racismo "flagrante" e
"subtil" contra determinados grupos, entre os quais comunidades
migrantes e minorias étnicas ou religiosas (por exemplo, os ciganos, os judeus,
os muçulmanos). Tais ressentimentos têm sido agravados pelo fomento de
doutrinas xenófobas por parte de partidos políticos, designadamente os de
extrema-direita, que não só deles se aproveitam para justificar períodos de
maior vulnerabilidade econômico-social no seu próprio país, como ainda, através
dos nacionalismos exacerbados patentes nos seus discursos, adicionam às
ideologias já enraizadas novas ondas de intolerância. Embora tendo presentes os
maus exemplos do passado (Holocausto, apartheid, etc.), a verdade é que
sentimentos desta natureza persistem na Europa, em prejuízo de indivíduos ou coletivos
segregados, independentemente do seu nível econômico e da partilha ou não dos
valores, princípios e matrizes fundamentais da sociedade de acolhimento. Em
todo o caso, os níveis e expressões de racismo variam muito de país para país,
espelhando não só diferentes posturas e modos de lidar com a presença de
imigrantes, minorias étnica e estrangeiros, como também políticas mais ou menos
consistentes de combate à discriminação (saliente-se a atenção depositada pela
Holanda e Reino Unido a estas questões).
«A Europa é uma sociedade multicultural e
multinacional que se enriquece com esta variedade”. No entanto, a constante
presença do racismo na nossa sociedade não pode ser ignorada. O racismo toca
toda a gente. Degrada as nossas comunidades e gera insegurança e medo.»
Pádraig Flynn, Comissário Europeu
É preciso...
A atitude perante o "outro" depende em
larga medida de uma sobreposição, por vezes contraditória, de identidades,
influências e lealdades, cuja iteração resulta numa disposição particular para
a cooperação transnacional. De forma a podermos combater os impulsos
conflituosos que derivam de todo este contexto, é preciso encontrar o que
Talcot Parsons chama de "core system of shared meaning".
É preciso, nacional e internacionalmente,
promover um relacionamento institucional, econômico, político, social e interpessoal
coerente.
Esta coerência passa pelo reforço da
interculturalidade. E esta assenta no conhecimento do "outro", daí a
sua importância fundamental no combate ao racismo e à xenofobia, que assentam
em preconceitos resultantes
do desconhecimento ou conhecimento deturpado.
A interculturalidade é uma batalha a ganhar
gradualmente e vários são os campos onde podem ser levadas a cabo ações
decisivas. A Educação é, sem dúvida, uma das áreas onde numerosas vitórias
podem ser conseguidas. Não é, na verdade, uma tarefa fácil mas é certamente uma
das vias a seguir dada a sua influência estrutural na preparação dos cidadãos
de amanhã.
Organizações de apoio às vítimas de
racismo e xenofobia
O SOS RACISMO foi criado em 10 de Dezembro de 1990.
A sua criação partiu da iniciativa de um grupo de pessoas que, assim, se propôs
lutar contra o Racismo e a Xenofobia em Portugal, contribuindo para a formação
de uma sociedade em que todos tenham os mesmos direitos.
O SOS RACISMO constitui uma associação sem fins
lucrativos, tendo-lhe sido atribuído o estatuto de utilidade pública em 1996. Desde
data da sua criação, o SOS RACISMO tem vindo a desenvolver atividades
diversificadas, que abrangem cada vez mais áreas de intervenção, de forma a
tornar possível uma ação conjunta nos
vários sectores da sociedade portuguesa.
Há igualmente um esforço no sentido de colaborar
com outras associações antirracistas e de imigrantes a nível nacional. O SOS RACISMO
desenvolve, igualmente, atividades e ações em conjunto com outras associações
de países europeus, estando atualmente ativamente envolvido na criação de uma
rede antirracista europeia, em conjunto com vários países da Europa. A
associação tem vindo a crescer e, apesar de a maioria do trabalho realizado
seja efetuado por voluntários, dispõe já, de um número significativo de núcleos
espalhados por diversos pontos do país.
Principais objetivos:
O SOS RACISMO propõe-se trabalhar no sentido de
contribuir para a criação de uma sociedade justa, igualitária e multicultural,
sem racismo e xenofobia. Para alcançar, ou pelo menos, aproximar-se desse
ideal, existem variados objetivos específicos a concretizar.
F Criação de infraestruturas
de apoio às populações imigrantes e das minorias étnicas;
F A criação de uma política
concreta de inserção das minorias étnicas na sociedade portuguesa;
F Concepção de um
quadro jurídico – legal susceptível de punir eficazmente comportamentos
racistas e xenófobos;
F Conscientização e
responsabilização das autoridades e população portuguesa face à problemática da
discriminação racial e xenófoba;
F Estabelecimento de uma ação consertada, entre
as diversas associações de direitos humanos, de imigrantes e antirracistas;
F Motivação e mobilização dos
imigrantes e minorias étnicas no sentido de fazer valer os seus direitos;
A AI foi criada pelo advogado britânico Peter
Benenson em 1961. Ele ficou chocado ao ler a notícia de um jornal sobre o caso
de dois estudantes portugueses que tinham sido condenados a sete anos de prisão
por terem feito um brinde à "liberdade" num restaurante em Portugal.
Benenson começou a pensar nas formas de convencer o governo português bem como
outros governos autoritários a libertar vítimas de injustiça. Com o objetivo de
conseguir a liberdade de prisioneiros políticos, Benenson e outros ativistas
lançaram uma campanha designada por "Apelo a favor de uma Anistia em 1961"
que se prolongou por um ano. A campanha foi divulgada internacionalmente a 28
de Maio de 1961 através de um artigo num jornal sob o título "Prisioneiros
Esquecidos".
A AI é independente de qualquer governo, partido
político ou credo religioso. Depende de contribuições individuais e de
donativos dos seus membros e simpatizantes espalhados pelo mundo inteiro. Para
proteger a independência da organização, todas as contribuições são
estritamente controladas por diretrizes emitidas pelo Conselho Internacional. A
AI tem estatuto consultivo nas Nações Unidas (ECOSOC), na UNESCO e no Conselho
da Europa. Tem relações de cooperação com a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, a Organização dos Estados Americanos (OAU) e a Organização de Estados
Americanos (OEA).
É membro da Comissão para o Realojamento e Educação
de Refugiados Africanos, da Organização da Unidade Africana.
Em 1977 recebeu o Premio Nobel da Paz.
A Organização das Nações Unidas nasceu oficialmente
a 24 de Outubro de 1945, data em que a sua Carta foi ratificada pela maioria
dos 51 Estados Membros fundadores. O dia é agora anualmente celebrado em todo o
mundo como Dia das Nações Unidas.
O objetivo da ONU é unir todas as nações do mundo
em prol da paz e do desenvolvimento, com base nos princípios de justiça,
dignidade humana e bem-estar de todos. Dá aos países a oportunidade de tomar em
consideração a interdependência mundial e os interesses nacionais na busca de
soluções para os problemas internacionais.
Atualmente a Organização das Nações Unidas é
composta por 191 Estados Membros. Reúnem-se na Assembleia Geral, que é a coisa
mais parecida com um parlamento mundial. Cada país, grande ou pequeno, rico ou
pobre, tem um único voto; contudo, as decisões tomadas pela Assembleia não são
vinculativas. No
Entanto, as decisões da Assembleia tornam-se
resoluções, que têm o peso da opinião da comunidade internacional.
A sede das Nações Unidas fica em Nova Iorque, nos
Estados Unidos, mas o terreno e os edifícios são território
internacional. A ONU tem a sua própria bandeira, correios e selos
postais. São utilizadas seis línguas oficiais: Árabe, Chinês, Espanhol, Russo,
Francês e Inglês – as duas últimas são consideradas línguas de trabalho. A sede
das Nações Unidas na Europa fica em Genebra, Suíça. Têm escritórios em Viena,
Áustria, e Comissões Regionais na Etiópia, Líbano, Tailândia e Chile.
O Secretariado das Nações Unidas é chefiado pelo
Secretário-Geral. O logótipo da ONU representa o mundo rodeado por ramos de
oliveira, símbolo da paz.
Os objetivos das Nações Unidas:
- Manter a paz em todo o mundo.
- Fomentar relações amigáveis entre nações.
- Trabalhar em conjunto para ajudar as pessoas a
viverem melhor, eliminar a pobreza, a doença e o analfabetismo no mundo, acabar
com a destruição do ambiente e incentivar o respeito pelos direitos e
liberdades dos outros.
- Ser um centro capaz de ajudar as nações a
alcançarem estes objetivos.
Conclusão
Este trabalho serviu para uma análise mais
aprofundada de dois temas intemporais que, direta ou indiretamente, nos afetam.
É de notar uma maior abundância de informação sobre
o racismo, talvez por ser um tema muito mais badalado ao longo da história da
humanidade.
Depois de ter terminado, fiquei ciente que o
racismo e a xenofobia dependem única e exclusivamente da mente de cada um.
Começou porque o permitimos, continua porque assim o queremos e acabará quando
todos nos mentalizarmos que este tipo de preconceito só degrada
a relação com “o outro”.
Por muitas organizações que haja a luta contra o
racismo e a xenofobia é uma luta interior.
Todos diferentes
Todos iguais
Bibliografia
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Racismo
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Xenofobia
- http://www.vestibular1.com.br/revisao/racismo.doc
- http://www.minerva.uevora.pt/
- http://www.casadobrasildelisboa.rcts.pt/arq-artigos/racismo-xenofobia-europa.doc
Racismo e Xenofobia
“A criatividade só pode ter origem na
diferença...”.
António Gedeão – Lágrima de preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhai-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
Num exercício mental
troque algumas palavras...
"Lágrima de Preta" por
Lágrima de Cigana, Lágrima de Árabe,
Lágrima de Chinesa, Lágrima de ...
Lágrima de Chinesa, Lágrima de ...
Introdução
Este trabalho surge no âmbito da disciplina de
filosofia com o tema: “O racismo e xenofobia”. Escolhi este tema, por ser
intemporal e por, direta ou indiretamente afeta toda a gente, mas não só. Tive
também o intuito de dar a conhecer as mais graves
consequências destes preconceitos, onde e como se manifestam. Há muito para dizer sobre esta temática, no entanto, tentei selecionar o que me parece ser mais importante!
consequências destes preconceitos, onde e como se manifestam. Há muito para dizer sobre esta temática, no entanto, tentei selecionar o que me parece ser mais importante!
Racismo
O racismo é a tendência do pensamento, ou do modo
de pensar em que se dá grande importância à noção da existência de raças
humanas distintas e superiores umas às outras. Onde existe a convicção de que
alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e
determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais, são
superiores a outros.
O racismo não é uma teoria científica, mas um
conjunto de opiniões pré-concebidas onde a principal função é valorizar as
diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam serem
superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da existência
de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a
escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que
ocorreram durante toda a história da humanidade.
Os racistas definem uma raça como sendo um
grupo de pessoas que têm a mesma ascendência. Diferenciam as raças com base em
características físicas como a cor de pele e o aspecto do cabelo. Investigações
recentes provam que a “raça” é um conceito inventado. A noção de “raça”
não possui qualquer fundamento biológico. A palavra “racismo” é igualmente
usada para descrever um comportamento abusivo ou agressivo para com os membros
de uma “raça inferior”.
O racismo reveste-se de várias formas nos diversos
países, consoante a sua história, cultura e outros fatores sociais. Uma forma
relativamente recente de racismo, por vezes denominada “diferenciação étnica ou
cultural”, defende que todas as raças e culturas são iguais, mas não se deviam
misturar, de maneira a conservar a sua originalidade. Não há nenhuma prova
científica da existência de raças diferentes. A biologia só identificou uma
raça: a raça humana.
A importância que o homem dá à cor da pele do seu
semelhante, é deveras preocupante. Na realidade, em muitos casos a diferença da
cor da pele é uma barreira muito mais determinante para a comunicação entre as
pessoas do que a própria diferença linguística, isto pode ser considerado um fenômeno
antinatural, uma vez que não vemos na natureza os animais minimamente
preocupados com as diferenças de pelagem ou penas.
A diferença de cor entre as pessoas tem uma
explicação científica para a qual o homem não contribui minimamente: a maior ou
menor concentração de melanina da pele, que torna a pele da pessoa mais o menos
escura.
"O racismo começa
quando a diferença, real ou imaginária, é usada para justificar uma agressão.
Uma agressão que assenta na incapacidade para compreender o outro, para aceitar
as diferenças e para se empenhar no diálogo".
Mário Soares, antigo
presidente de Portugal
Xenofobia
Xenofobia quer dizer aversão a outras raças e
culturas. Muitas vezes é característica de um nacionalismo excessivo. A
xenofobia é um medo intensivo, descontrolado e desmedido em relação a pessoas
ou grupos diferentes, com as quais nós habitualmente não contatamos.
«A criatividade só
pode ter origem na diferença.»
Yehudi Menuhin, violinista e defensor dos Direitos do Homem
Yehudi Menuhin, violinista e defensor dos Direitos do Homem
Discriminação racial
Entende-se por discriminação racial qualquer
distinção, exclusão, restrição ou preferência em função da raça, origem, cor ou
etnia, que tenha por objetivo ou produza como resultado a anulação ou restrição
do reconhecimento, fruição ou exercício, em condições de igualdade, de
direitos, liberdades e garantias ou de direitos econômicos, sociais e
culturais.
Uma das formas de descriminação racial é:
>> A intolerância - é a falta de respeito
pelas práticas e convicções do outro. Aparece quando alguém se recusa a deixar
outras pessoas agirem de maneira diferente e terem opiniões diferentes. A
intolerância pode conduzir ao tratamento injusto de certas pessoas em relação
ás suas convicções religiosas, sexualidade ou mesmo à sua maneira de vestir. Está
na base do racismo, do antissemitismo, da xenofobia e da discriminação em
geral. Frequentemente, pode conduzir à violência. A intolerância não aceita.
Contudo, existem formas de combate à discriminação
racial.
MEIOS JURIDICOS DE COMBATE AO RACISMO E A XENOFOBIA
Legislação que proíbe as descriminações no
exercício de direitos, por motivos baseados na raça, cor nacionalidade ou
origem étnica: Lei nº 134/99, de 28 de Agosto; Decreto-Lei nº 111/2000, de 4 de
Julho.
- A igualdade é a característica do que é igual. O
que significa que nenhuma pessoa é mais importante que outra, quaisquer que
sejam os seus pais e a sua condição social. Naturalmente, as pessoas não têm os
mesmos interesses e as mesmas capacidades, nem estilos de vida idênticos.
Consequentemente, a igualdade entre as pessoas significa que todos têm os
mesmos direitos e as mesmas oportunidades. No domínio da educação e do
trabalho, devem dispor de oportunidades iguais, apenas dependentes dos seus
esforços. A igualdade só se tornará uma realidade quando todos tiverem, em
termos idênticos, acesso ao alojamento, à segurança social, aos direitos
cívicos e à cidadania.
- O interculturalismo consiste em pensar que
nós enriquecemos através do conhecimento de outras culturas e dos contactos que
temos com elas e que desenvolvemos a nossa personalidade ao encontrá-las. As
pessoas diferentes deveriam poder viver juntas apesar da sua diferença
cultural. O interculturalismo é a aceitação e o respeito pelas diferenças.
«Crer no interculturalismo é crer que se pode
aprender e enriquecer através do encontro com outras culturas.» UNIDOS para uma ação intercultural
O racismo e a xenofobia na Europa
A Europa, tal como os restantes continentes, vive
sob o impacte da globalização, de uma maior mobilidade internacional e do
incremento dos fluxos migratórios. O aumento da intolerância política,
religiosa e étnica bem como o desencadear de vários conflitos armados, dentro e
fora do espaço europeu, provocaram a saída de inúmeros contingentes
populacionais das suas terras, refugiados nem sempre bem acolhidos em ambientes
que lhes são pouco familiares. Carências econômicas, a par de problemas sociais vividos
pelos cidadãos de determinado Estado, têm contribuído para o surgimento de
tensões evidenciadas sob formas de racismo "flagrante" e
"subtil" contra determinados grupos, entre os quais comunidades
migrantes e minorias étnicas ou religiosas (por exemplo, os ciganos, os judeus,
os muçulmanos). Tais ressentimentos têm sido agravados pelo fomento de
doutrinas xenófobas por parte de partidos políticos, designadamente os de
extrema-direita, que não só deles se aproveitam para justificar períodos de
maior vulnerabilidade econômico-social no seu próprio país, como ainda, através
dos nacionalismos exacerbados patentes nos seus discursos, adicionam às
ideologias já enraizadas novas ondas de intolerância. Embora tendo presentes os
maus exemplos do passado (Holocausto, apartheid, etc.), a verdade é que
sentimentos desta natureza persistem na Europa, em prejuízo de indivíduos ou coletivos
segregados, independentemente do seu nível econômico e da partilha ou não dos
valores, princípios e matrizes fundamentais da sociedade de acolhimento. Em
todo o caso, os níveis e expressões de racismo variam muito de país para país,
espelhando não só diferentes posturas e modos de lidar com a presença de
imigrantes, minorias étnica e estrangeiros, como também políticas mais ou menos
consistentes de combate à discriminação (saliente-se a atenção depositada pela
Holanda e Reino Unido a estas questões).
«A Europa é uma sociedade multicultural e
multinacional que se enriquece com esta variedade”. No entanto, a constante
presença do racismo na nossa sociedade não pode ser ignorada. O racismo toca
toda a gente. Degrada as nossas comunidades e gera insegurança e medo.»
Pádraig Flynn, Comissário Europeu
É preciso...
A atitude perante o "outro" depende em
larga medida de uma sobreposição, por vezes contraditória, de identidades,
influências e lealdades, cuja iteração resulta numa disposição particular para
a cooperação transnacional. De forma a podermos combater os impulsos
conflituosos que derivam de todo este contexto, é preciso encontrar o que
Talcot Parsons chama de "core system of shared meaning".
É preciso, nacional e internacionalmente,
promover um relacionamento institucional, econômico, político, social e interpessoal
coerente.
Esta coerência passa pelo reforço da
interculturalidade. E esta assenta no conhecimento do "outro", daí a
sua importância fundamental no combate ao racismo e à xenofobia, que assentam
em preconceitos resultantes
do desconhecimento ou conhecimento deturpado.
A interculturalidade é uma batalha a ganhar
gradualmente e vários são os campos onde podem ser levadas a cabo ações
decisivas. A Educação é, sem dúvida, uma das áreas onde numerosas vitórias
podem ser conseguidas. Não é, na verdade, uma tarefa fácil mas é certamente uma
das vias a seguir dada a sua influência estrutural na preparação dos cidadãos
de amanhã.
Organizações de apoio às vítimas de
racismo e xenofobia
racismo e xenofobia
O SOS RACISMO foi criado em 10 de Dezembro de 1990.
A sua criação partiu da iniciativa de um grupo de pessoas que, assim, se propôs
lutar contra o Racismo e a Xenofobia em Portugal, contribuindo para a formação
de uma sociedade em que todos tenham os mesmos direitos.
O SOS RACISMO constitui uma associação sem fins
lucrativos, tendo-lhe sido atribuído o estatuto de utilidade pública em 1996. Desde
data da sua criação, o SOS RACISMO tem vindo a desenvolver atividades
diversificadas, que abrangem cada vez mais áreas de intervenção, de forma a
tornar possível uma ação conjunta nos
vários sectores da sociedade portuguesa.
Há igualmente um esforço no sentido de colaborar
com outras associações antirracistas e de imigrantes a nível nacional. O SOS RACISMO
desenvolve, igualmente, atividades e ações em conjunto com outras associações
de países europeus, estando atualmente ativamente envolvido na criação de uma
rede antirracista europeia, em conjunto com vários países da Europa. A
associação tem vindo a crescer e, apesar de a maioria do trabalho realizado
seja efetuado por voluntários, dispõe já, de um número significativo de núcleos
espalhados por diversos pontos do país.
Principais objetivos:
O SOS RACISMO propõe-se trabalhar no sentido de
contribuir para a criação de uma sociedade justa, igualitária e multicultural,
sem racismo e xenofobia. Para alcançar, ou pelo menos, aproximar-se desse
ideal, existem variados objetivos específicos a concretizar.
F Criação de infraestruturas
de apoio às populações imigrantes e das minorias étnicas;
F A criação de uma política
concreta de inserção das minorias étnicas na sociedade portuguesa;
F Concepção de um
quadro jurídico – legal susceptível de punir eficazmente comportamentos
racistas e xenófobos;
F Conscientização e
responsabilização das autoridades e população portuguesa face à problemática da
discriminação racial e xenófoba;
F Estabelecimento de uma ação consertada, entre
as diversas associações de direitos humanos, de imigrantes e antirracistas;
F Motivação e mobilização dos
imigrantes e minorias étnicas no sentido de fazer valer os seus direitos;
A AI foi criada pelo advogado britânico Peter
Benenson em 1961. Ele ficou chocado ao ler a notícia de um jornal sobre o caso
de dois estudantes portugueses que tinham sido condenados a sete anos de prisão
por terem feito um brinde à "liberdade" num restaurante em Portugal.
Benenson começou a pensar nas formas de convencer o governo português bem como
outros governos autoritários a libertar vítimas de injustiça. Com o objetivo de
conseguir a liberdade de prisioneiros políticos, Benenson e outros ativistas
lançaram uma campanha designada por "Apelo a favor de uma Anistia em 1961"
que se prolongou por um ano. A campanha foi divulgada internacionalmente a 28
de Maio de 1961 através de um artigo num jornal sob o título "Prisioneiros
Esquecidos".
A AI é independente de qualquer governo, partido
político ou credo religioso. Depende de contribuições individuais e de
donativos dos seus membros e simpatizantes espalhados pelo mundo inteiro. Para
proteger a independência da organização, todas as contribuições são
estritamente controladas por diretrizes emitidas pelo Conselho Internacional. A
AI tem estatuto consultivo nas Nações Unidas (ECOSOC), na UNESCO e no Conselho
da Europa. Tem relações de cooperação com a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos, a Organização dos Estados Americanos (OAU) e a Organização de Estados
Americanos (OEA).
É membro da Comissão para o Realojamento e Educação
de Refugiados Africanos, da Organização da Unidade Africana.
Em 1977 recebeu o Premio Nobel da Paz.
A Organização das Nações Unidas nasceu oficialmente
a 24 de Outubro de 1945, data em que a sua Carta foi ratificada pela maioria
dos 51 Estados Membros fundadores. O dia é agora anualmente celebrado em todo o
mundo como Dia das Nações Unidas.
O objetivo da ONU é unir todas as nações do mundo
em prol da paz e do desenvolvimento, com base nos princípios de justiça,
dignidade humana e bem-estar de todos. Dá aos países a oportunidade de tomar em
consideração a interdependência mundial e os interesses nacionais na busca de
soluções para os problemas internacionais.
Atualmente a Organização das Nações Unidas é
composta por 191 Estados Membros. Reúnem-se na Assembleia Geral, que é a coisa
mais parecida com um parlamento mundial. Cada país, grande ou pequeno, rico ou
pobre, tem um único voto; contudo, as decisões tomadas pela Assembleia não são
vinculativas. No
Entanto, as decisões da Assembleia tornam-se
resoluções, que têm o peso da opinião da comunidade internacional.
A sede das Nações Unidas fica em Nova Iorque, nos
Estados Unidos, mas o terreno e os edifícios são território
internacional. A ONU tem a sua própria bandeira, correios e selos
postais. São utilizadas seis línguas oficiais: Árabe, Chinês, Espanhol, Russo,
Francês e Inglês – as duas últimas são consideradas línguas de trabalho. A sede
das Nações Unidas na Europa fica em Genebra, Suíça. Têm escritórios em Viena,
Áustria, e Comissões Regionais na Etiópia, Líbano, Tailândia e Chile.
O Secretariado das Nações Unidas é chefiado pelo
Secretário-Geral. O logótipo da ONU representa o mundo rodeado por ramos de
oliveira, símbolo da paz.
Os objetivos das Nações Unidas:
- Manter a paz em todo o mundo.
- Fomentar relações amigáveis entre nações.
- Trabalhar em conjunto para ajudar as pessoas a
viverem melhor, eliminar a pobreza, a doença e o analfabetismo no mundo, acabar
com a destruição do ambiente e incentivar o respeito pelos direitos e
liberdades dos outros.
- Ser um centro capaz de ajudar as nações a
alcançarem estes objetivos.
Conclusão
Este trabalho serviu para uma análise mais
aprofundada de dois temas intemporais que, direta ou indiretamente, nos afetam.
É de notar uma maior abundância de informação sobre
o racismo, talvez por ser um tema muito mais badalado ao longo da história da
humanidade.
Depois de ter terminado, fiquei ciente que o
racismo e a xenofobia dependem única e exclusivamente da mente de cada um.
Começou porque o permitimos, continua porque assim o queremos e acabará quando
todos nos mentalizarmos que este tipo de preconceito só degrada
a relação com “o outro”.
Por muitas organizações que haja a luta contra o
racismo e a xenofobia é uma luta interior.
Todos diferentes
Todos iguais
Bibliografia
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Racismo
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Xenofobia
- http://www.vestibular1.com.br/revisao/racismo.doc
- http://www.minerva.uevora.pt/
- http://www.casadobrasildelisboa.rcts.pt/arq-artigos/racismo-xenofobia-europa.doc
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