Ecopedagogia e Cultura da Sustentabilidade Frente à Globalização
Resumo
Para bem garantir o objetivo de pensar o presente precisamos construir uma outra globalização fundada no princípio da solidariedade. A globalização em si não é problemática, pois representa um processo de avanço sem precedentes na história da humanidade. O que é problemática é a globalização competitiva. Este texto tem por propósito realizar uma análise da ecopedagogia e uma reflexão a cultura da sustentabilidade para o campo da globalização competitiva. Pretende-se que este artigo seje desafiador e convidativo para reflexões de caráter ético e antropológico dos problemas impostos aos seres humanos e ao meio ambiente diante do potencial destrutivo que o desenvolvimento do capitalismo provoca. De caráter antropológico por se tratar da questão coletiva estando esta ávida de novas formas de vida, abrangendo todas as esferas da vida social contendo a possibilidade de um processo de mutação antropológica, no sentido de promover uma nova concepção de homem, e este percebendo que, inserido no universo, não está separado do planeta, e se questione o sentido da vida. E ético, porque os novos princípios que regularizam a atividade humana onde seus atores globais terão de se basear num novo paradigma que tenha a Terra como fundamento e centro. A mudança paradigmática trará com certeza implicações na "educação", tanto na abordagem curricular como no movimento social e político, esta entendida como uma reorientação de nossa visão de mundo. A educação como centro de estudo e de conhecimento deverá estar consciente da sua responsabilidade humana e ambiental. A ecopedagogia ou pedagogia da terra preocupa-se em inserir o indivíduo numa
Introdução
A sociedade, pela própria imposição da globalização
competitiva, está diante de um modelo capitalista que tende a se fortificar
ainda mais nas próximas décadas e testemunham a emergência da sustentabilidade como
a expressão dominante no debate que envolve as questões do meio ambiente e de
desenvolvimento social em sentido amplo. Sua expansão gradual tem influenciado
diversos campos do saber e de atividades diversas, entre os quais o campo da
educação.
No Brasil, o discurso da educação para a cultura da
sustentabilidade ainda é pouco disseminado na literatura e nas práticas que
relacionam educação e meio ambiente.
A crescente difusão do discurso do desenvolvimento
sustentável veiculado pelo Relatório Brundtland permitiu uma pluralidade de
leituras que oscilam e assumem múltiplos sentidos, pronunciado indistintamente
por diferentes sujeitos, nos mais diversos contextos sociais, marcado por um
mundo globalizado entre relações de dependência política e cultural dos países
do centro e da periferia do sistema mundial, e da diversidade de sentidos
envolvidos nesta construção dentro do jogo de forças e interesses que nelas se
destacam. Diante deste caldeirão de conceitos de sustentabilidade o sistema
educacional precisa analisar quais os significados e implicações entre educação
e a sustentabilidade. Educar para sustentar o quê? Que fundamentos, valores e
interesses estão envolvidos neste processo? Qual a história da construção do
discurso da sustentabilidade e de sua inserção na educação? Estas são algumas
questões que norteiam a reflexão para a humanidade procurar compreender as
relações entre sustentabilidade e a educação.
A perspectiva adotada é baseada nas rupturas
tecnológicas que se sucederam ao longo dos últimos séculos, expandindo-se no
final do século XVIII a partir da Revolução Industrial. Não se pretende com
isto dizer ou propor uma lógica inerente ou inevitável. Tampouco, garantir que
a história se repete ou que se repetirá da mesma forma. Ao contrário, a ecopedagogia
representa um projeto alternativo global, cujas finalidades são vias de mãos
duplas, por um lado, promover a aprendizagem a partir da vida cotidiana e, por
outro, a promoção de um novo modelo de civilização sustentável do ponto de
vista ecológico.
Os conflitos de interesse como lógica da
globalização competitiva leva de forma inevitável à precarização da vida de
parcela da população, reconhece-se que uma sociedade democrática cujos aspectos
de totalitarismo subsistem dentro do âmbito da sociedade do consumo. Neste
sentido o grande desafio do século XXI para a educação será encontrar maneira
de fazer preservação do meio ambiente e social um caminho para atingir a
prosperidade econômica; respeitando a diversidade cultural do ambiente humano e
natural, principalmente do ponto de vista ético. Assim sendo, para Dias:
Nenhum sistema social pode ser mantido por longo
período quando a distribuição dos benefícios e dos custos, ou das coisas boas e
ruins de dado sistema é extremamente injusta, especialmente quando parte da
população está submetida a um debilitante e crônico estado de pobreza. ( DIAS,
2004, p.226 ).
Tanto a opulência quanto a pobreza implica-se no
viés de um desenvolvimento insustentável ao longo do tempo, a espécie humana
experimenta um grande desafio: a perda do equilíbrio ambiental, acompanhada de
erosão cultural, do seu empobrecimento ético e espiritual, também fruto de um
tipo de educação que "treina" as pessoas para ser consumidoras úteis,
egocêntricas, para ignorar as conseqüências de certos atos perversos. Como nos
ensina Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido.
Os paradigmas clássicos que orientaram, até agora,
a produção e a reprodução da existência do planeta colocaram em risco não
apenas a vida do ser humano, mas todas as formas de vida existentes na Terra.
Cultura da Sustentabilidade
Apesar de o tema ambiental ser discutido em
"prosa e verso" pelos diversos instrumentos existentes na mídia,
pelos 'especialistas' no assunto. A maioria da sociedade vem experimentando
resultados negativos, dia a dia, pois ainda não consegue entender a complexidade
do assunto e até mesmo, qual é o papel de cada um de nós na contribuição
envolvimento e comprometimento com a sua melhoria e conseqüente preservação.
A cultura da sustentabilidade é, pois uma cultura
da planetariedade definida por (GADOTTI, 2005, p.24 ) como: "uma cultura
que parte do princípio que a Terra é constituída por humanos que são
considerados cidadãos de uma única nação".
A ecopedagogia tenta conceituar sustentabilidade
dando um novo significado que vai além da preservação dos recursos naturais e
da viabilidade de um desenvolvimento sem agressão ao meio ambiente. Esse novo
conceito do ponto de vista da pedagogia da terra implica um equilíbrio do ser
humano com o universo. Desse modo o verdadeiro desenvolvimento humano deve
compreender o conjunto de autonomias individuais das participações comunitárias
e da consciência de pertencer à espécie humana. A sustentabilidade que se
defende aqui refere ao próprio sentido do que somos de onde viemos e para onde
vamos, portanto, somos seres do sentido e doadores de tudo o que nos cerca. É a
própria sobrevivência da vida no planeta que está em jogo, ameaçada por formas
de relação do homem consigo mesmo, com os outros e com o meio ambiente físico
que não servem mais. De certa forma essa nova visão coloca a humanidade diante
da perspectiva de uma nova geração de hábitos.
Dessa forma a cultura da planetariedade permite uma
visão integrada dos indivíduos no desenvolvimento mútuo da tríade
indivíduo/sociedade e espécie. Morin em concordância sobre esse pensamento,
observa que.
A Humanidade deixou de constituir, uma noção sem
raízes e abstrata: está enraizada em uma "Pátria", a Terra, e a Terra
é uma Pátria em perigo. É realidade vital, pois está, pela primeira vez,
ameaçada de morte. A Humanidade deixou de constituir uma noção somente ideal,
tornou-se uma comunidade de destino, e somente a consciência desta comunidade
pode conduzi-la a uma comunidade de vida; a Humanidade é daqui em diante,
sobretudo, uma noção ética: é o que deve ser realizado por todos e em cada um.
(MORIN, 2004, p. 117).
Se a desunião homem e natureza foi uma conseqüência
dessa visão universal, o resgate dessas unidualidade do humano requer urgência
máxima. Existe uma visão capitalista do crescimento sustentável e o meio
ambiente que, por ser antiecológica, deve ser considerada uma
"cilada", como bem disse Leonardo Boff.
O descontrole da produção pode levar a humanidade à
destruição do planeta, não por efeito de armas nucleares, mas por esta visão de
progresso, a essa possibilidade pode-se dizer a era do exterminismo cuja
produção de alta tecnologia é apoiada em discursos desenvolvimentista o qual
prega a expansão a qualquer preço. Essa pequena fração de grandes propriedades
rurais monocultoras e industriais está inserida em nossa economia. Vive-se num
impasse civilizatório: ou corrigi-se os rumos do desenvolvimento, ou agravam-se
ainda mais cenários como: escassez dos recursos naturais, aumento da pobreza,
violência e das desigualdades sociais, entre outros problemas que ocorrem com
incrível velocidade em escala global, precisa-se olhar para o passado,
redescobrir a sabedoria da experiência e não deixar subestimar certos
problemas. Morin corrobora com essa avaliação, ao afirmar que.
Todo conhecimento comporta risco do erro da ilusão.
A educação do futuro deve enfrentar o problema de dupla face do erro e da
ilusão. O maior erro; seria subestimar o problema do erro; a maior ilusão seria
subestimar o problema da ilusão. O reconhecimento do erro e a ilusão são ainda
mais difíceis, porque o erro e a ilusão não se reconhecem em absoluto, como
tais. (MORIN, 2004, p.19).
É preciso primeiro deixar-se contaminar pela causa
primária da incerteza e descobrir que a razão e a desrazão integram qualquer
tipo de conhecimento, mesmo que a ciência insista em não deixar contagiar por
percursos: mítico-mágico-imaginários, que sempre se encontram presentes em
teorias, conceitos e métodos.
O discurso do desenvolvimento
sustentável
Embora o discurso da sustentabilidade possa ser
identificado em diversas falas e contextos históricos remotos, foi conceituado
pela primeira vez pela ONU em 1979, iniciando nos movimentos sociais em defesa
da ecologia; nas conferencias internacionais promovidas pela ONU – Organização
das Nações Unidas para debater os temas do meio ambiente e do desenvolvimento;
nos relatórios do Clube de Roma.
Sachs reformulou a noção de ecodesenvolvimento,
propondo uma estratégia multidimensional dando alternativa de um
desenvolvimento que articulava promoção econômica, preservação ambiental e
participação social. O seu compromisso com os direitos e desigualdades sociais
e com a autonomia dos povos e países mais pobres era de extrema importância.
Sachs apontou meios de superar a marginalização e a dependência política
cultural e tecnológica dos atores envolvidos nos processos de mudança social
A Comissão de Brundtland, mesmo apoiada por muitas
idéias de Sachs, aboliu de seu discurso o que poderia ser uma inovação o
conteúdo emancipador do Ecodesenvolvimento, chegando a um discurso diferente ao
que Sachs havia proposto. A Comissão ressaltava uma ênfase econômica e
tecnológica.
Nesta perspectiva o discurso da sustentabilidade
surgiu como um substituto ao discurso do desenvolvimento econômico, atendo-se em
sanar um conjunto de contradições expostas e não respondidas por outros modelos
de desenvolvimentos anteriores, produzido e difundido pelos países centrais do
capitalismo – sobretudo os Estados Unidos.
Segundo documento, divulgado pelo BIRD no dia
(10.05.06) durante a 14ª sessão da Comissão das Nações Unidas sobre o
desenvolvimento sustentável em Nova York Os principais poluidores continuam
sendo os paises mais ricos, no ranking dessa contribuição está os Estados
Unidos com 24% do total e os da zona do euro, com 10%. Este mesmo relatório
mostra que os países mais ricos consomem mais da metade da energia produzida no
mundo. Nos dias atuais a experiência tem demonstrado, por várias evidências,
que o agronegócio é um eficiente instrumento de alocação de recursos, mas por
outro lado um perverso gestor das disparidades sociais. Comunicar o senso de
urgência que deveria inspirar as mudanças na direção da sustentabilidade
desejada é tarefa de todos. Compete principalmente ao poder público, que no
caso do Brasil prioriza a globalização competitiva sem a predominância da
cooperação e da solidariedade. Incluindo nessa luta à sociedade organizada
através de grupos, educação, entre outros setores da comunidade.
Neste contexto o termo sustentabilidade associado
ao termo "sustentável + desenvolvimento", sofreu muitas críticas,
pelo seu uso reducionista. As pessoas não estavam preparadas para lidar com
essas questões. As críticas ao conceito de desenvolvimento sustentável e a
própria idéia de sustentabilidade vêm do fato de que os ecologistas tratavam
separadamente questões sociais e questões ambientais, surgido por um movimento
conservador na tentativa elitista dos países ricos no sentido de reservar
grandes áreas naturais para seu lazer e contemplação. A preocupação com a Amazônia,
por exemplo, não era uma preocupação com a sustentabilidade planetária, mas com
a continuidade do "bel-prazer" o que era contraditório com a
necessidade da população.
Hoje, diante dessas críticas, para que a luta
ecológica obtenha sucesso depende muito da capacidade dos ecologistas
incentivarem a população, principalmente nos estrados mais baixos,
convencendo-os de que não se trata apenas de atitudes reducionistas. Mas,
trata-se de dar uma solução simultânea aos problemas ambientais e sociais os problemas
existentes afetam o ser mais emaranhado da natureza que é o ser humano, essa
visão errada que a ecologia trata apenas do meio ambiente para viver-se num
planeta melhor num futuro distante deve ser desmistificada. Criou-se um duplo
sentido ao conceituar esse binômio e recebeu muitas críticas, para alguns a
associação desses dois termos tornou-se a expressão do absurdo lógico; pois a
união de ambos é, incompatíveis. Quando se fala em sustentabilidade,
conspira-se contra um modelo de desenvolvimento "ecologicamente
predatório; politicamente perverso e socialmente injusto", revelando-se
que o discurso da sustentabilidade, apresentado ao debate público, de ingênuo
não tinha nada, priorizava gerenciar a reprodução econômica do capitalismo.
Comunicar o senso de urgência que deveria inspirar as mudanças na direção da
sustentabilidade desejada é tarefa de todos. Compete principalmente ao poder
público, que no caso do Brasil prioriza a globalização competitiva sem a
predominância da cooperação e da solidariedade.
Desenvolvimento Sustentável
O conceito de desenvolvimento não é um conceito
neutro ele tem um contexto bem preciso dentro de uma ideologia de progresso. O
conceito foi utilizado numa visão colonizadora, durante muitos anos em que os
países foram divididos em três grupos: "desenvolvidos" em
"desenvolvimento" e "subdesenvolvidos", critérios estes,
sempre associados a um padrão de industrialização e de consumo. Esse conceito
supõe que todas as sociedades devam orientar-se por uma única via de acesso ao
bem-estar e a felicidade que são alcançados apenas pela acumulação de bens
materiais.
Durante muitos anos era comum se pensar que, o que
era bom para a indústria era bom pra a sociedade de um modo geral. Essa crença
trazida por peritos convencidos de trabalhar para a razão e para o progresso
permaneceu durante décadas pela humanidade. Com isso empobreceram ao enriquecer
e destruíram ao criar. É preciso romper com a lógica de que a nação vai bem se
o consumo for maior a cada ano.
As políticas econômicas neocolonialistas dos países
chamados "desenvolvidos" tinham metas de desenvolvimento a cumprir a
qualquer custo, com isso agravou-se o aumento da miséria, da violência e do
desemprego. Quando esses modelos econômicos não satisfaziam mais as necessidades
capitalistas eram feitos ajustes econômicos transplantando valores éticos e
ideais políticos cuja conseqüência foi à destruição de povos das nações.
Esse tipo de desenvolvimento trouxe consigo uma
iminente "catástrofe", tem-se hoje a percepção que se deve traduzir essa
consciência em ação, para retirar da sustentabilidade essa visão predatória
concebendo-a de forma mais antropológica, e menos capitalista para salvar a
Terra. É claro que há uma incompatibilidade de princípios entre
sustentabilidade e capitalismo. Reconhece-se que a conciliação desses dois
termos no atual contexto da globalização competitiva é inconciliável e
inaplicável. Na condução do país, o peso do setor do agronegócio é desmedido:
considerando salvador da Pátria, para que ele tudo vale e tudo é permitido, é a
este modelo de desenvolvimento 'exógeno' que o agronegócio terá de gerar valor,
mesmo com um enorme custo social e ambiental, sendo esta a opção do governo.
Estando este centrado numa característica contraditória onde se faz um longo
caminho de violência e destruição de direitos. É uma ameaça para a humanidade,
fere profundamente os direitos humanos. Essa contradição de base está no centro
dos debates da carta da Terra.
É impossível haver um crescimento com equidade
sustentável, numa economia regida pelo lucro, pela acumulação ilimitada, pela
exploração do trabalho e não pelas necessidades das pessoas. As políticas
neocolonialistas não desapareceram, mas adquiriram formas mais sofisticadas e
suas mudanças não são mais que "máscaras". Os escravagistas de hoje
só são diferentes daqueles do século IXX porque não chegam a acorrentar seus
empregados, nem colocam à venda os que rendem pouco. Mas seus trabalhadores não
possuem água potável, quase nunca se alimentam adequadamente. Quando têm o
direito de comer mais de uma vez por dia pagam valores bem maiores pela
alimentação do que o salário inicialmente acordados. Em dezembro de 2006 no
Palácio do Planalto, por ocasião do lançamento da nova fase da Campanha da OIT
e CONATRAE o público presente emocionou-se com depoimento de um trabalhador ex
escravo no Iriri, hoje assentado precariamente no Tocantins quando apelando
para o presidente, o conclamou: ' Olha para nós, Sr. presidente, vista essa
camisa!'. O presidente entrou mudo e saiu calado. ( LEONARDO SAKAMOTO: 'Vive la
France' 03/02/2006).
Portanto, no bojo da insegurança alimentar está
também à insegurança quanto á água potável sendo o dobro de a insegurança
alimentar propriamente dita. Essa situação ofende diretamente o "direito
humano à água" que consta no Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais do qual o Brasil é signatário. A omissão da sociedade civil a estes
fatos, e a essa falta de compromisso do espírito de cada um que leva a
menosprezar o mal distante, que não nos afeta ou simplesmente está no outro e
não em nós.
Educação Sustentável
O desencontro entre a educação e cidadania
planetária, são dois mundos que procuram um ao outro, mas não se encontram. É
aqui que entra em cena a ecopedagogia: pedagogia da terra. Ela não é uma
pedagogia a mais, ao lado de outras pedagogias. Seu sentido está como um
projeto alternativo global em que a preocupação não está apenas na preservação
da natureza, ou no impacto das sociedades humanas sobre o ambiente natural, mas
num ponto de vista sustentável se visto do ponto de vista ecológico (Ecologia
integral). Ela está ligada, portanto, a um projeto utópico: mudar as relações
humanas, sociais e ambientais que temos hoje. Este é o sentido profundo da
ecopedagogia ou da pedagogia da terra. A educação é uma das responsáveis pela a
formação do homem, esta deverá estar vinculada aos princípios da dignidade, da
participação, da co-responsabilidade, da solidariedade, da eqüidade e da ética.
Prepara-lo é preparar as novas gerações, para agir com responsabilidade, ética
e sensibilidade dando início a uma educação sustentável.
"O sistema não teme o pobre que tem fome. Teme
o pobre que sabe pensar" que favorece sobremaneira, hoje, os modelos
neoliberais não é "miséria material das massas, mas sua ignorância",
ignorância que faz as pessoas esperarem soluções produzidas pelos sistemas. A
função da educação de caráter reconstrutivo político, conclui o autor, "é
desfazer a condição de massa de manobra, como bem queria Freire". (DEMO,
2000 ).
O desenvolvimento sustentável vendo de forma
crítica tem um componente educativo formidável. Haja vista que a preservação do
meio ambiente depende de uma consciência ecológica e a formação da consciência
depende da educação.
A ecopedagogia é uma pedagogia para promoção da
aprendizagem contextualizada dando sentido das coisas para o cotidiano. Implica
uma reorientação dos currículos para incorporar princípios defendidos por ela,
como exemplo, orientar a concepção dos conteúdos e a elaboração dos livros
didáticos. Jean Piaget ensinou que os currículos devem contemplar o que é
significativo para o aluno. Esse conceito é correto, mas é incompleto. Os
conteúdos curriculares têm que ser significativos para o aluno, e só terão
relevância para ele, se esses conteúdos forem relevantes também para a saúde do
planeta, para um contexto mais amplo.
Segundo (GUTIERREZ, 1998, p.21), "só
encontramos sentido em caminhar vivenciando o contexto e o processo de
desbravar novos caminhos; não apenas observando-o, por isso a educação
sustentável é uma pedagogia democrática e solidária".
Como lugar de cultura e de estudo aberto a tudo a
educação deve ser reconhecida por sua responsabilidade na participação dos
grandes debates relacionados com o processo de transformação da sociedade.
Hoje precisamos de uma pedagogia da Terra e uma
ecoformação, não somente para a tomada de consciência de nossa Terra - Pátria,
mas também permitir que esta consciência se traduza em vontade de realizar
cidadania terrena, proporcionando vinculação mais estreita entre os processos
educativos a realidade e a liberdade das populações no exercício da cidadania
planetária, para re-educação do homem/mulher, principalmente do homem
ocidental, resultado de uma cultura cristã predatória, não podemos mais falar
da Terra como um lar, como uma toca, para o bicho-homem, como fala Paulo
Freire. Sem uma educação sustentável a terra continuará sendo espaço do nosso
sustento. Mas não será o espaço de vida, o espaço do aconchego, de
"cuidado". Existem múltiplas formas de viver em relação permanente com
nosso planeta e compartilhar a vida com todos os que habitam ou o compõem. A
vida só terá sentido se esta existe em relação. A raiz do dilema da humanidade
está na forma como se aprende a pensar o mundo: dividindo-o em pedaços,
precisa-se reaprender a reajustar a parte e o todo, o texto e o contexto, o
global e o planetário e a enfrentar os paradoxos que a globalização competitiva
trouxe consigo globalizando de um lado e excluindo do outro.
Considerações finais
A sustentabilidade tornou-se um tema gerador
preponderante neste início de século, pensando em um projeto social global sem
haver distância entre uma rigorosa formação ética ao lado sempre da estética.
A Ecopedagogia ou a pedagogia da Terra surge como
uma luz capaz de reacender num futuro possível a esperança de uma vida digna
para todos. A forma como iremos dar continuidade da nossa existência ao planeta
cabe a nós decidirmos sobre sua morte ou vida, dos filhos e filhas desta
continuidade. E a educação tem muito haver com essa responsabilidade precisamos
de uma pedagogia, que recoloque a relação entre a natureza e o ser humano que
em algum lugar do passado se perdeu, e hoje é preciso resgatar com urgência.
Uma pedagogia apropriada para essa reconstrução
paradigmática, centrada na vida considerando as pessoas, as culturas, o modo de
viver, o respeito, à identidade e à diversidade, apropriada para uma cultura de
sustentabilidade e da paz. O ser humano é o único ser vivente que se pergunta
sobre o sentido da sua vida, se somos humanos é porque sentimos e não apenas
porque pensamos. A formação para a ética do gênero humano é fator primordial,
esta não pode ser ensinada por meio de lições de moral. Deve formar-se nas
mentes com base da consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo,
parte da sociedade, parte da espécie. A pedagogia da terra tem seu fundamento
nesse novo paradigma ético e numa nova inteligência do mundo. Neste sentido
inteligente é aquele que tem um projeto de vida solidário. Solidariedade hoje
não é apenas um valor, mas condição de sobrevivência de todos.
Uma ruptura paradigmática do paradigma mecânico,
para aplicar o paradigma sistêmico parece fundamental para que a luta pelo
direito da cidadania planetária não venha a ser prisioneira de uma visão
instrumental inadequada para as formas ideológicas do atual quadro político,
estabelecendo ligações de interdependência. Isto é, uma interação forte entre
os povos pelos seus valores e uma educação que aproxime o Oriente do Ocidente.
Dentro de uma mundialização, os alunos desenvolvem um conhecimento crítico dos
desafios, conscientizando-se da interdependência mundial que lhes permitem
acrescer habilidades para tratar dessas questões para a vida em sociedade;
formando capital intelectualmente qualificado, uma vez que este se desenvolve
em suas motivações intrínsecas. Educar para comunicar-se. Não comunicar para
explorar, para tirar benefício do outro, mas para compreendê-lo melhor, isso
implica em compreender e constatar que a dignidade humana está presente em
todas as múltiplas condições em que se vivem homens e mulheres, sobrepondo-se a
lógica de transformar tudo em mercadoria.
Se ainda não é chegada à hora de evaporar-se toda a
diferenciação entre lutas sociais, tomando como referência o campo da
ecopedagogia, todavia é bem visível o entrelaçamento entre o subjetivo e o
objetivo presente na crescente afirmação da solidariedade, da paz com
dignidade, das alternativas de trabalho, das redes de debates e de informação.
Estamos começando a assistir ao nascimento do
cidadão planetário, embora um pouco tímido, este fato pode ser em decorrência
de uma geração que chegou combatendo a ditadura e continua vivendo uma
sociedade em que as tentações autoritárias não desapareceram por completo.
Se as necessidades são históricas, não sabemos
quais as necessidades das futuras gerações. Entretanto, queremos ter a
convicção que futuras gerações terão a esperança e certeza de que existe vida
após a globalização competitiva.
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Autora Nereis de Paula Ferreira
Profª. Universitária.
Autor: Nereis Paula Ferreira
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Adoro ler seus comentários, são muito bem-vindos. Vamos atentar para a elegância do nosso discurso:
Não serão publicados comentários com apelidos grosseiros; comentários escritos todo em MAIÚSCULAS; comentários com ofensas pessoais; comentários com propagandas e spam.
Vamos escrever sem agredir a língua pátria e sem ofender os outros, aqui é espaço para a discussão de idéias.
Obrigado!
Roberto Alves