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sábado, 6 de novembro de 2010

REVOLUÇÕES DE 1848 NA EUROPA - Primavera dos povos

REVOLUÇÕES DE 1848 NA EUROPA
Série de insurreições que abalaram as monarquias européias, onde tinham fracassado as tentativas de reformas políticas e econômicas. De caráter liberal democrático e nacionalista, foram iniciadas por membros da burguesia e da nobreza que exigiam governos constitucionais, e por trabalhadores e camponeses que se rebelaram contra os excessos e a difusão das práticas capitalistas.
A “primavera dos povos” marcou o despertar das nacionalidades que exigiram dos impérios a concessão de suas autonomias. O movimento foi efêmero (1848-1850), mas o enfraquecimento da monarquia absoluta e o impulso dado aos ideais liberais, sociais e nacionalistas tiveram conseqüências duradouras.

Essas revoluções provocaram um golpe violento na reação representada pela Santa Aliança, aniquilando-a. Além disso, outros fatores podem ser arrolados para explicar o problema. Entre 1846 e 1848, as colheitas na Europa Ocidental e Oriental foram péssimas. Os preços dos produtos agrícolas subiram violentamente e a situação das classes inferiores piorou.
Ao mesmo tempo, verificava-se uma crise na indústria, particularmente no setor têxtil. O aumento da produção ocasionou a superprodução. A crise na agricultura diminuiu ainda mais o consumo dos produtos manufaturados pelo empobrecimento dos camponeses. A paralisação das atividades fabris resultou em dispensa dos trabalhadores e redução nos salários, exatamente quando os preços dos gêneros de primeira necessidade subiam vertiginosamente.
Os recursos financeiros dos países europeus foram carreados para a aquisição de trigo na Rússia e Estados Unidos. Isto afetou os grandes empreendimentos industriais e a construção das estradas de ferro, em franco progresso na oportunidade. A paralisação das atividades nestes setores arrastou outros, provocando a estagnação econômica geral.
A crise variou de país para país. Na Itália e Irlanda foi mais agrária; na Inglaterra e França, industrial, bem como na Alemanha. A miséria gerou o descontentamento político. A massa dos camponeses e proletários passou a reclamar melhores condições de vida e maior igualdade de recursos.
No fundo, constituíam-se idéias socialistas, mas como não existia um partido socialista organizado que pudesse orientar estas classes, coube aos liberais e nacionalistas, compostos pela burguesia esclarecida, exercerem a oposição ao governo, contando com o apoio da massa, sem orientação própria.
FRANÇA
A revolução estourou na França em fevereiro de 1848. Defensores do sufrágio universal e partidários de reformas sociais, guiados por Louis Blanc, derrubaram o rei Luís Felipe e estabeleceram a II República. Divergências entre os revoltosos provocaram combates sangrentos na capital desde o mês de junho. O enfraquecimento do movimento revolucionário permitiu a Luís Napoleão — sobrinho de Napoleão I e futuro Napoleão III — eleger-se presidente.
A Revolução de 1848 na França foi o estopim que incendiou a Europa, incentivando movimentos favoráveis à unidade nacional nos estados italianos e alemães.
ALEMANHA
A agitação reinava há muitos meses em Berlim quando chegou a notícia dos acontecimentos de Paris. As manifestações se difundiram na confederação germânica, obrigando os soberanos a conceder liberdades e formar governos parlamentares. Em Berlim, no dia 18 de março, a população exigiu de Frederico Guilherme IV o apoio às teses liberais e a convocação de uma assembléia nacional eleita pelo sufrágio universal.
O Parlamento, reunido em Frankfurt em 18 de maio, abrangia todas as tendências políticas alemãs. Adotou a supressão dos direitos feudais e aumentou as liberdades políticas. Foi analisada a questão da participação ou não da Áustria no estado alemão, e acabou se optando por um regime centralizado. O rei recusou a coroa imperial alemã. Dissolvido o parlamento, em dezembro, os junkers, conservadores, membros da nobreza latifundiária, retomaram pouco a pouco o controle da situação. O sonho da unificação havia fracassado. Os radicais continuaram a lutar pela obtenção de justiça social, mas foram esmagados pelo exército prussiano (ver Unificação Alemã).
ITÁLIA
Nos domínios italianos, a revolução foi provocada em 1848 por uma tripla aspiração da nação à liberdade, à unidade e à independência. O papa Pio IX e o rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto, implantaram uma série de reformas liberais em seus estados, a partir de 1846, sobretudo a liberdade de imprensa, que ganhou a adesão dos patriotas, como Mazzini.
A insurreição eclodiu nos estados conservadores. No reino de Nápoles, em 12 de janeiro, foi formado um governo provisório e Fernando II promulgou imediatamente uma constituição, sob pressão britânica. Em Milão, lutava-se contra a dominação austríaca, da mesma forma que em Veneza, onde os protestos redobraram após o anúncio da queda de Metternich. Em Florença, Roma e Turim, os soberanos se anteciparam à insurreição promulgando constituições.
Após uma fase de estabilidade dos regimes liberais, o rei Carlos Alberto se deixou envolver na guerra contra a Áustria, em março de 1849, com o apoio da Toscana, de Nápoles e do papa. Sofreu uma grande derrota em Custozza e depôs as armas.
As revoluções italianas fracassaram em virtude da reação do absolutismo, encorajado pela Áustria, e do avanço do radicalismo social de Mazzini. Os Habsburgo recuperaram a autoridade na Lombardia e em Veneza, onde o rei aprovou uma constituição. O papa foi obrigado a fugir de Roma e Mazzini proclamou a República, em 22 de fevereiro de 1849. A intervenção francesa pôs um fim à insurreição e permitiu a volta do papa, que restabeleceu as instituições do passado (ver Unificação Italiana).
ÁUSTRIA
A revolução no império austríaco foi favorecida pelo enfraquecimento da monarquia, pelo desenvolvimento de uma corrente liberal no seio da sociedade burguesa e aristocrática de Viena e pela reivindicação de um reconhecimento dos povos de idioma não germânico: poloneses, tchecos, romenos, croatas, italianos do norte e principalmente os húngaros, que dispunham de um governo.
No dia 13 de março de 1848, insuflada por uma multidão de estudantes e de operários, a assembléia da Baixa Áustria marchou para o palácio de Hofburg, obrigando Metternich e o imperador Fernando I a fugirem. Foi formado um governo liberal, e a Assembléia Constituinte reunida em julho votou a abolição dos direitos feudais, conforme já ocorrera na Alemanha. Em Praga, Rieger conseguiu a aprovação de uma constituição liberal, a Carta da Boêmia, que reconhecia os direitos históricos do povo tcheco. A vontade de afirmar a identidade eslava face ao germanismo concretizou-se, no dia 2 de junho, com a reunião do congresso pan-eslavo (ver Pan-eslavismo), iniciativa do historiador Frantisek Palacký.
HUNGRIA
Na Hungria, sob domínio austríaco, o patriota Lajos Kossuth formou um governo separatista, em março de 1849, e declarou a independência de todos os territórios magiares (ver Língua húngara). Mas seu nacionalismo exacerbado feriu outras minorias húngaras, sérvios, croatas e romenos, que voltaram-se contra ele. O exército e o chanceler Schwartzenberg retomaram Praga e Viena, e entregaram o trono ao novo imperador Francisco José I. Na Hungria, onde o movimento nacionalista era muito forte, o imperador pediu auxílio ao exército russo para reprimir a revolta. Kossuth foi obrigado a exilar-se na Turquia após o fracasso de Villagos, em 13 de agosto de 1849.
Embora tenham fracassado, as revoluções alemãs e italianas de 1848 prepararam o terreno para a unificação desses países, que foi realizada entre 1861 e 1871. A Áustria, por sua vez, teve que acatar, desde 1867, o compromisso de reconhecimento da soberania húngara.
A reação européia, conduzida pelo Congresso de Viena e pela Santa Aliança, não conseguiu estancar o movimento revolucionário iniciado na segunda metade do século XVIII. As revoluções da América luso-espanhola foram bem-sucedidas e a Grécia se libertou do julgo turco.
Por volta de 1830, uma nova onda revolucionária abalou a Europa: na França, Carlos X, sucessor de Luís XVIII (foto), foi obrigado a abdicar do poder; a Bélgica, dominada pela Holanda, rebelou-se, proclamando sua independência; na Itália, as associações revolucionárias impuseram uma Constituição; na Alemanha eclodiram movimentos liberais constitucionalistas; a Polônia tentou obter sua independência.
UNIFICAÇÃO ALEMÃ
União formada pela Confederação da Alemanha do Norte e outros estados alemães, que levou à constituição do Segundo Império Alemão em 1871. Otto Von Bismarck foi nomeado ministro-presidente da Prússia, pelo imperador Guilherme I, em setembro de 1862. A intenção era ampliar o território da Prússia à custa dos estados vizinhos da Alemanha do Norte. Em primeiro lugar, iniciou uma guerra contra a Dinamarca, com a finalidade de anexar o ducado de Schleswig. Com a ajuda do imperador austríaco, Francisco José I, a Dinamarca foi derrotada e teve que ceder o Schleswig-Holstein aos dois vencedores.
Após a vitória, a Prússia e a Áustria entraram em guerra, em 14 de junho de 1866, diante da impossibilidade de um acordo sobre o futuro do território conquistado. O Exército austríaco foi aniquilado e a Prússia passou a dominar os territórios da Alemanha do Norte, forçando os outros estados alemães dessa região a formar a Confederação da Alemanha do Norte.
As intrigas diplomáticas entabuladas por Bismarck sobre a aspiração de Leopoldo de Hohenzollern ao trono da Espanha, levaram a França a declarar guerra à Prússia em 19 de julho de 1870. Os estados alemães do sul se uniram à Prússia. Os exércitos de Napoleão III foram derrotados na batalha de Sedan e em Metz. O Imperador francês abdicou, a Terceira República foi proclamada e, em 28 de janeiro de 1871, foi assinado um armistício com a Prússia. A França foi obrigada a ceder à Prússia as províncias da Alsácia e Lorena. O rei da Prússia, Guilherme I, foi proclamado imperador da Alemanha pelos outros príncipes alemães em janeiro de 1871.
UNIFICAÇÃO ITALIANA
Processo que compreende a criação do reino da Itália unificada em 1861. Após o Congresso de Viena de 1815, a Itália ficou totalmente dividida e, com os antecedentes de 1848, o sentimento nacionalista italiano estava limitado a pequenos grupos da aristocracia e da classe média.
O movimento revolucionário adquiriu um acentuado caráter nacionalista devido à atuação de Giuseppe Mazzini. Sua sociedade secreta, a Jovem Itália, organizou células revolucionárias em toda a península. Pio IX, eleito papa em 1846, apoiou o fervor nacionalista, que culminaria com as revoluções de 1848. A primeira delas obrigou Fernando II de Bourbon, rei das Duas Sicílias, a outorgar uma Constituição para todo o reino. O rei do Piemonte-Sardenha, Carlos Alberto, publicou o Estatuto Fundamental (Constituição) e acreditou na necessidade de declarar guerra à Áustria.
Na primavera de 1848, a independência parecia imediata. Porém os piemonteses foram derrotados pelos austríacos e Carlos Alberto teve que abdicar em favor de Vítor Emanuel II. A intervenção francesa acabou com a República instituída por Mazzini em Roma, apesar da defesa de Giuseppe Garibaldi. Apenas no Piemonte sobreviveu um regime constitucional. A nomeação do conde Camillo Benso di Cavour para a presidência do Conselho, em 1852, permitiu a unificação da Itália em pouco mais de uma década.
Cavour e Napoleão III planejaram uma guerra contra a Áustria que foi derrotada nas batalhas de Magenta e Solferino, ficando a Lombardia sob o domínio de Vítor Emanuel II do Piemonte-Sardenha.
Os ducados da Toscana, Parma e Modena e parte dos Estados Pontifícios (as Marcas e a Úmbria) optaram, mediante plebiscitos populares, pela união com o Piemonte que se havia transformado no Reino da Itália do Norte no transcurso da primeira metade de 1860.
Garibaldi, por outro lado, pôs fim ao reino das Duas Sicílias, estabelecendo um Parlamento para representar toda a Itália, exceto Roma e Veneza, proclamando Vítor Emanuel II rei da Itália (17 de março de 1861). Após a intervenção na Guerra Austro-prussiana (1866), aliando-se à Prussia, a Itália obteve o estado de Veneza pela Paz de Viena e, pelo apoio na Guerra Franco-prussiana (1870), recebeu os Estados Vaticanos. As relações com o Papado foram normalizadas pelos Tratados de Latrão.

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